Brasil e Acúcar

Na primeira aula do curso de Literatura e Cultura Brasileira o professor Antônio Donizeti Pires (Tom Pires) além de dar das boas-vindas, apresentou dois textos para leitura e análise: Brasil, de Cazuza (fizemos a audição da interessante versão com o Kid Abelha) e O Açúcar de Ferreira Gullar.

O Açúcar (Ferreira Gullar)

O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
E afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Não foi feito por mim.

Este açúcar veio
Da mercearia da esquina e
Tampouco o fez o Oliveira,
Dono da mercearia.
Este açúcar veio
De uma usina de açúcar em Pernambuco
Ou no Estado do Rio
E tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
E veio dos canaviais extensos
Que não nascem por acaso
No regaço do vale.

Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.

É diferente de:

PSICANÁLISE DO AÇÚCAR (João Cabral de Melo Neto)

O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
mostra a mais instável das brancuras:
quem do Recife sabe direito o quanto,
e o pouco desse quanto, que ela dura.
Sabe o mínimo do pouco que o cristal
se estabiliza cristal sobre o açúcar,
por cima do fundo antigo, de mascavo,
do mascavo barrento que se incuba;
e sabe que tudo pode romper o mínimo
em que o cristal é capaz de censura:
pois o tal fundo mascavo logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
Só os bangüês que ainda purgam ainda
o açúcar bruto com barro, de mistura;
a usina já não o purga: da infância,
não de depois de adulto, ela o educa;
em enfermarias, com vácuos e turbinas,
em mãos de metal de gente indústria,
a usina o leva a sublimar em cristal
o pardo do xarope: não o purga, cura.
Mas como a cana se cria ainda hoje,
em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
 

LITERATURA E CULTURA BRASILEIRA

Com o interessante título LITERATURA E CULTURA BRASILEIRA, eis aqui detalhes de mais uma matéria do primeiro ano do curso de Letras da Unesp Araraquara.

Curso: Letras
Modalidade: Bacharelado e Licenciatura Plena
Departamento Responsável: Literatura
Código: LTE9788
Sequência Aconselhada: 1º ano / 1º semestre
Obrigatória
Pré-requisito: Não há
Créditos: 02
Carga Horária total: 30 horas
Teórica: 30 horas
Prática:
Número máximo de alunos por turma: 50

Objetivos

Apresentar um panorama das relações entre a literatura e a cultura brasileira, em especial, do Romantismo até o século XX, por meio do estudo de autores e textos significativos.

Conteúdo Programático

1. Manifestações literárias iniciais e a cultura no Brasil
2. Barroco, Arcadismo e a cultura brasileira
3. Romantismo e a cultura brasileira
4. Final do século XIX e início do século XX e as relações entre literatura e cultura
5. Modernismo e cultura no Brasil
6. Relações entre literatura e cultura depois do Modernismo

Metodologia de Ensino

Aula expositiva, seminário, debate, análise e interpretação de textos, uso de multimeios.

Bibliografia

  1. ANDRADE, M. de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Ed. crítica de Telê P. A Lopez (coord.) Paris: Association Archives de la Littérature Latino-américaine, des Caraïbes et Africaine du XXème siècle; Brasíllia: CNPq, 1988. (Arquivos, 6)
  2. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Ed. Crítica de Antonio Houaiss e C. L. N. de Figueiredo. Madri: ALLCA XX, 1997 (Col. Arquivos, 30)
  3. BORNHEIM, G. et al. Cultura brasileira: tradição/contradição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar/Funarte, 1987.
  4. BOSI, A. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
  5. BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 32 ed. São Paulo: Cultrix, 1995.
  6. CANDIDO, A. Literatura e cultura de 1900 a 1945. In: _____. Literatura e sociedade. 2. ed. São Paulo: Nacional, 1967. p. 127-160.
  7. CANDIDO, A. Literatura de dois gumes. In: _____. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987. p. 163-180.
  8. CANDIDO, A. Literatura e subdesenvolvimento. In: _____. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987. p. 140-61.
  9. HOLANDA, H. B. de e Gonçalves, M. A. Cultura e participação nos anos 60. São Paulo: Brasiliense, 1982.
  10. HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. 12. ed. Prefácio de Antônio Candido. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978.
  11. LEITE, D. M. O caráter nacional brasileiro. São Paulo: Pioneira, 1976.
  12. LOBATO, M. Velha praga e Urupês. In: _____. Urupês. São Paulo: Brasiliense, 1959 (Obras Completas de Monteiro Lobato, v. 1)
  13. SANTIAGO, S. Nas malhas da letra: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
  14. SANTIAGO, S. Uma literatura nos trópicos. São Paulo: Perspectiva, 1978.

Critérios da avaliação de aprendizagem e atividades de recuperação

O aluno deve mostrar-se capaz de ler criticamente o texto literário e de estabelecer relações do texto com o seu respectivo contexto. Deve, igualmente, mostrar-se capaz de expressar adequadamente, por escrito, o seu pensamento crítico acerca da literatura.

Atividades de recuperação: estudo orientado.

Ementa

Estudo das relações entre literatura e cultura no Brasil. Autores e textos fundamentais.